Sacripantas & Rotundos é um grupo formado na cidade de Canoas, Rio Grande do Sul, em meados de 2007 por amigos de escola que tinham todos cerca de 15 anos na época. A sonoridade da banda foi desenvolvendo-se a partir da combinação das influências de seus integrantes que vão desde os três acordes juvenis do punk passando por experimentações com música concreta/eletrônica e noise em geral. Essa mistura é abordada com uma atitude tipicamente lo-fi e desapegada, remetendo simultaneamente aos grupos de rock alternativo que os inspiraram (Sonic Youth, Pavement, Dinosaur Jr., Teenage Fanclub, etc.) e o entorno suburbano do qual seus integrantes se encontram.
A banda é formada por Felipe na guitarra, João no baixo e nos vocais, e Patrick na bateria.

Depois das primeiras experiências sonoras minimalistas em seus anos iniciais, passando pelo emprego liberal de dissonâncias e ruído branco, até uma gradativa adoção de estruturas melódicas reconhecíveis, elementos acústicos pontuais, inserções eletrônicas inesperadas e a utilização de letras que abordam a vida quotidiana nos subúrbios contemporâneos de uma cidade dormitório, o característico “punk pagão” e distorcido do trio da região metropolitana de Porto Alegre, Sacripantas & Rotundos é sedimentado de modo febril e com a urgência que apenas faz-se presente naquela época dos vinte e poucos anos em seu álbum de estréia, Desalento.
Gravado basicamente ao vivo e de forma independente depois de um intenso período de composição e ensaios, as 11 canções condensadas em pouco mais de meia hora do álbum revelam simultaneamente toda a truculência e afeto do grupo sem em momento algum ceder a ironias desnecessárias, seja nas odes fraturadas ao tédio das férias (Flores Não me Dizem Nada) ou na ebulição de sentimentos de uma mente inquieta (Arco-Íris de Sangue), tudo obviamente envolto por um senso latente de descompromisso abrasivo e auto descoberta fugaz, qualidades das quais o grupo sempre prezou em sua música.
Mixado e masterizado originalmente por Guilherme Maschke (Abneg) em diferentes seções nos últimos meses de 2015 e nos primeiros de 2016 com o objetivo de valorizar ao máximo o impacto e a nuance de cada lampejo de microfonia e tilintar de pratos sem fazê-los soarem artificiais, e contando com um trabalho fotográfico exclusivo realizado por Natasha Ferla, Desalento tem como objetivo situar a banda em um cenário de corrosão das identidades arbitrariamente construídas para o rock pop urbano já cicatrizado pelos fluxos existenciais da atualidade.